Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil
De acordo com a docente da Escs/Fepecs Ana Raquel Franco de cada 10 adolescentes obesos, oito se tornarão adultos também obesos
A data da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil é celebrada anualmente hoje (3/6) e é uma forma de chamar a atenção da população sobre os cuidados necessários para combater esta doença. A obesidade infantil é caracterizada pelo excesso de peso em crianças com até 12 anos. No Brasil, segundo o IBGE, uma em cada três crianças de cinco a nove anos estão acima do peso. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), combater a obesidade infantil mórbida é um dos principais desafios para o século XXI.
Especialista – A gastroenterologista pediátrica Ana Raquel Franco, docente do Curso de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs), mantida pela Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), e servidora da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (Ses-DF) há 19 anos, atuando no Hospital da Criança de Brasília, aponta que a obesidade é sabidamente um problema de saúde pública em todo o mundo e apresenta um aumento exponencial da sua prevalência nos últimos anos. A médica alerta sobre os cuidados e orientações de que as famílias devem ter.
“A importância de se ter um dia dedicado a prevenção da obesidade infantil serve de alerta para que esse problema seja reconhecido e combatido desde a faixa etária pediátrica, uma vez que a abordagem precoce leva a prevenção de doenças de alta morbimortalidade relacionadas à obesidade”, afirma.
Entre essas doenças, a docente cita a hipertensão arterial sistêmica, ou mais conhecida como pressão alta, caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias e um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral, enfarte, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca. Além da pressão alta, a médica lembra a diabetes melitus tipo 2, que ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida. A sua causa está diretamente relacionada ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados.
Segundo a médica, de cada 10 adolescentes obesos, 8 se tornarão adultos também obesos. “A ruptura desse ciclo vicioso é um dos principais desafios da puericultura e promoção da saúde na população pediátrica”, cita.
De acordo com Ana Raquel, é importante acabar com o mito de que criança “gordinha” é criança saudável e enfatizar não só a qualidade dos alimentos que fazem parte da sua dieta diária, mas também observar comportamentos relacionados à alimentação, desencorajando práticas de dar doces como forma de recompensa, ou fazer da comida uma moeda de troca em negociações com a criança.
“Saber reconhecer e aceitar os sinais de saciedade da criança são aspectos importantes a serem trabalhados no ambiente familiar. O envolvimento dos pais e cuidadores é um ponto crucial no sucesso terapêutico. A abordagem deverá ser multidisciplinar e aspectos como a orientação nutricional adequada, apoio psicológico e atividade física devem andar em conjunto”, destaca.
Dicas – A dica que a especialista passa para as famílias que vivem essa realidade é de que elas devem estar envolvidas na mudança dos hábitos alimentares e do cotidiano familiar. Tornar os horários das refeições em experiências prazerosas, criar o hábito de atividade física diária com ênfase no componente lúdico e limitar tempo de tela.
“O uso de redes sociais e televisão devem ter o limite de duas horas diárias. Essas mudanças já refletem um bom começo para o sucesso do tratamento. A obesidade é uma doença crônica e as mudanças e abordagens feitas com sucesso na faixa etária pediátrica trarão benefícios duradouros que terão impacto para evitar esse problema na vida adulta”, declara.
Texto: Renata Madeira – Ascom Fepecs
Arte: Demetrius Carvalho – Gerav-UAG/Fepecs