Ex- aluna da Etesb fala do dia a dia profissional nesse período de pandemia

Ex- aluna da Etesb fala do dia a dia profissional nesse período de pandemia

Aline Duarte, técnica em enfermagem, continua sua caminhada nos estudos e se forma no curso de graduação em Enfermagem no fim do ano

Dia Nacional do Técnico e Auxiliar de Enfermagem – Para fechar as homenagens do Dia Nacional dos Técnicos, Técnicas e Auxiliares em Enfermagem, celebrado em 20 de maio, temos o último depoimento da série de relatos de ex-alunos do Curso Técnico de Enfermagem da Escola Técnica de Saúde de Brasília (Etesb), mantida pela Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), e que em novembro completa 60 anos. O depoimento de hoje é de Aline Duarte (@aline_mduarte), 36, que se formou como técnica em 2015 e passou no concurso da Secretaria de Saúde (Ses-DF) em 2016. Ela fala da escolha pela profissão e desse momento de pandemia do novo coronavírus.

“Eu entrei na área de saúde meio de supetão, eu morava com meus avós e meu avô adoeceu e eu ficava acompanhando todo o processo dele de internação. Eu tive a oportunidade e o prazer de ver algumas boas profissionais atuando, aí me encantei pelo cuidado, pela atenção, pela responsabilidade, pelo carinho com que elas cuidavam do meu avô, que era um paciente bem difícil”, relembra Aline.

A Técnica fazia, na época, o curso de pedagogia, faltava apenas 1 ano e meio para sua formatura quando decidiu seguir outro caminho. No entanto teve que morar fora da capital por um tempo, quando retornou voltou decidida a começar pelo curso técnico.

“Como Brasília tem um campo de emprego bom, e eu estava precisando trabalhar eu decidi que ia começar com o curso técnico, entrei em contato com a Fepecs para saber sobre a seleção e iniciei o curso técnico na Etesb. Eu devo muito à Escola, uma vez que foi uma época bem difícil quando retornamos para Brasília. Era lá na Etesb que as minhas esperanças eram renovadas por saber que iria terminar meu curso e com essa formatura minha vida iria mudar”, conta Aline.

O amor da profissional pela área da enfermagem é tanta que ela seguiu na caminhada do saber e passou no vestibular para o curso de graduação de enfermagem na Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs), mantida pela Fepecs. Contudo, não teve como conciliar com as outras atividades que já realizava.

“Fiz vestibular para Escs e passei, mas por conta do concurso, eu tive que escolher. Eu também planejava ter meu segundo filho e não dava para conciliar a escola com a minha vida pessoal e profissional. Todavia, entrei para outra universidade tempos depois e me formo no fim do ano”, fala a egressa da Etesb que é mãe de uma menina de 9 anos e um menino de 1 ano e 8 meses.

Para a profissional, a enfermagem proporciona uma visão de vida diferenciada porque o enfermeiro e o técnico de enfermagem são aqueles que vão estar sempre ao lado do paciente, desde o primeiro dia até o último dia de sua vida. “Estamos lá no momento feliz e também no momento triste. Cuidamos de diversas formas. A enfermagem tem esse leque, em que podemos atuar em diversas áreas. A enfermagem me faz ser bem realizada”, explica a futura enfermeira feliz com a conquista.

Pandemia – Aline trabalha na área cirúrgica do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), hospital referência no tratamento de pacientes com a Covid-19. “No início eu fiquei com muito medo, mas graças à Etesb e às aulas de psicologia da professora Teresa Cristina, tivemos uma base boa para nos preparar para o início da profissão. Ajudou no psicológico, a nos colocarmos no lugar do outro, a enxergar o todo da situação vivenciada”, destaca.

Aline ressalta que o técnico de enfermagem tem que ser completo, que além de medicar tem que saber para que serve aquela medicação e o que o paciente está sentindo. “Na Ses-DF, o técnico tem muito essa autonomia porque ele está sempre ao lado do paciente e a gente tem um trabalho em equipe muito bom, podemos chegar no enfermeiro e no médico e falar o que presenciamos e o que vimos no paciente para poder intervir e ajudar esse paciente da melhor forma possível”, afirma.

A técnica e futura enfermeira também destaca o papel da Etesb na formação humanista dos seus estudantes. “Eu me orgulho muito em ter me formado na Etesb. Quando passei no concurso, eu ainda nem tinha terminado o curso técnico, isso aconteceu também com vários colegas meus. Foram mais de 15 concursados. A Etesb forma não o técnico executor apenas, mas estimula o aprendizado constante e estimula o profissional técnico de enfermagem a pensar criticamente”, ressalta.

Mudanças – Aline afirma que no começo da pandemia ficou preocupada por causa da família e do seu bebê que ainda amamenta, mas diante dos treinamentos constantes foi se acalmando e pensando por que tinha escolhido a enfermagem como profissão.

“Esses pacientes com Covid precisam muito da gente, uma vez que eles não podem ter acompanhante e nem receber visitas. Nós somos as únicas pessoas que vão estar ali para cuidar deles”, reforça.

Aline fala que a vida mudou nesses meses de pandemia, os cuidados com a higienização dentro e fora de casa são redobrados, além do isolamento social, não tendo contato com amigos e com os familiares fora do seu núcleo.

“Minha família não usa o carro que eu uso. A roupa e a sandália que uso para o trabalho, eu troco assim que chego lá e também mudo quando saio do hospital para casa. Sigo todo aquele ritual, roupa privativa, máscara que machuca, o faceshield, capote, luvas e o plantão é todo desse jeito. Quando retorno para casa, limpo a parte interna do carro todo e apesar de ter tomado banho no hospital, vou direto para o banho quando chego em casa, não tendo contato com ninguém antes disso. Não uso anel, não uso brinco. Depois de todo os cuidados de limpeza, vou ficar com meus filhos e tem sido assim nesses meses de pandemia”, relata.

Além dessas mudanças, ela acredita que haverá grande mudanças internas pessoais, os profissionais de saúde, por exemplo, apesar do medo, vão sair mais fortalecidos. “Nós, profissionais de saúde, temos que estar informados, a gente tem que estudar mais, se preparar mais. Esses treinamentos constantes no trabalho estão sendo muito bons porque nos deixam mais preparados. É claro que têm dias difíceis, mas com uma base boa que eu tive da Etesb, com o preparo, treinamento e a proteção diária no hospital que atuo, me sinto mais confiante. ”, relata.

Aline fala da importância do isolamento e dos cuidados que tem no hospital, com escala no serviço para não ser exposta por muito tempo à carga viral, por isso, alterna com os colegas entre o apoio e o cuidado direto aos pacientes com Covid.

“Não tenho contato com mais ninguém fora do meu núcleo familiar, como sou da área da saúde e estou lidando diretamente com os pacientes com o vírus, eu sou um risco em potencial para qualquer pessoa. Não quero me sentir culpada de passar o vírus para ninguém, pode ter algum amigo com comorbidade, ou ter um idoso em casa, enfim, neste momento evitamos o contato social e nos isolamos o quanto for possível”, finaliza.

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