Docentes da Etesb e Escs lembram o Dia da Educação

As escolas de formação técnica e superior têm papel importante na educação dos futuros profissionais

 

BRASÍLIA (28/4/16) – A educação brasileira enfrenta muitas dificuldades e está longe de alcançar o objetivo desejado, por outro lado é possível reconhecer avanços significativos. Para lembrar o Dia da Educação, comemorado nesta quinta-feira (28), professores da Escola Técnica de Saúde de Brasília (Etesb) e da Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs) falam sobre os avanços e dificuldades da educação nesses dois níveis de formação.

 

Educação Técnica

 

A pedagoga e doutoranda em Educação Anelice Batista, servidora da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) desde 1992, é professora há 16 anos e como Chefe do Núcleo de Orientação Educacional e docente da Etesb, defende que as transformações necessárias na educação do adulto e da criança acontecem pela ação do professor. De acordo com a professora, a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento. Por isso mesmo, aprender é uma capacidade que está presente em todos os seres humanos.

 

“Aprender na escola exige um cuidado diferenciado, um olhar mais cuidadoso. O professor exerce o papel fundamental de mediar a relação entre o sujeito e o conhecimento. A figura do professor como detentor do saber ensinando pessoas vazias, é uma ilusão que cria barreiras à aprendizagem. Como afirmou o mestre Paulo Freire, ensinar exige reconhecer o outro na sua completude, valorizando os saberes que traz da jornada já percorrida e fazendo desses saberes a base para novas conquistas. Ensinar é exercício de alteridade”, destacou Anelice.

 

A professora lembra que a SES-DF conta com um grande número de servidores, profissionais de nível médio, na assistência. A Etesb assume o papel de qualificação técnica desses profissionais, além de oferecer formação inicial em diversas áreas da saúde.

 

  “Muitos cidadãos que chegam à escola em busca de qualificação técnica, vêm de histórias de escolarização deficitária, ou estão afastados dos livros há muito tempo. Nos dois casos, existem lacunas de conhecimentos que se colocam como barreiras importantes para a aprendizagem de determinados conteúdos. Os professores necessitam criar estratégias interventivas capazes de suprir essas lacunas a fim de permitir que o aluno alcance êxito na sua formação. Temos histórias de educadores que se dispõem a ensinar aquele estudante em dificuldade fora do horário de sala de aula”, explica.

 

Para a professora, o educador deve ser um mediador que estimule o aprendizado, criando espaços colaborativos, onde os alunos aprendam uns com os outros e em que as questões levantadas sejam consideradas relevantes e sirvam para o debate. “Devemos valorizar e conhecer as histórias de vida dos nossos estudantes; é o professor quem percebe quando alguma coisa não vai bem, isso vale para a criança isso, vale para o adulto. Para esse, principalmente, as histórias de vida são muito importantes estão na base das suas competências e temos que considerá-las nesse processo de aprendizado”, ressalta Anelice.

 

Segundo a professora da Etesb, a educação técnica no país é desvalorizada e tratada como um nicho de menor valor. “Nós somos uma sociedade que valorizamos excessivamente o ensino superior, não valorizamos a educação infantil, que é o início do êxito e do fracasso e, também, não valorizamos a educação profissional, que faz parte de educação básica”, aponta. Mesmo diante dessas dificuldades, a professora ressalta o valor do ensino técnico. “É por meio desse ensino que aumentamos a empregabilidade e melhoramos a vida das pessoas”, conclui.

 

Foto: A pedagoga e doutoranda em Educação Anelice Batista, docente da Etesb e servidora da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF).

 

Educação Superior

 

O docente e coordenador do primeiro ano de Medicina da Escs, André Afonso, aponta a importância da educação superior, inclusive do ensino na saúde que prepara o estudante com bases éticas, levando em conta o papel da comunicação humanizada entre o médico e o paciente. Servidor da SES-DF desde 1999 e docente da Escola desde 2006, o ginecologista e obstetra ressalta a formação baseada em metodologias ativas como um canal de grande valor para a educação.

 

 Metodologias ativas

 

O professor explica que a utilização das metodologias ativas tem como foco o estudante e a formação acontece em pequenos grupos (com um número de 8 a 12 estudantes). No processo de ensino-aprendizagem utiliza-se problemas elaborados (para os Módulos Temáticos) e ainda diversos cenários com seus problemas reais, seguindo etapas de observação da realidade e intervenção na comunidade. Todo esse processo é debatido pelo grupo de estudantes e a função do docente é ser o facilitador de todo o processo de construção do aprendizado. No caso da Escs, os estudantes têm a vivência com o sistema de saúde do DF desde o primeiro ano de formação, uma vez que a Escola e os seus docentes são vinculados à SES-DF.

 

“A ligação da docência e assistência garante o sucesso da Escs na formação dos estudantes de graduação. Isso gera um excelente resultado para a comunidade médica em formação e para sociedade em geral. Formamos profissionais com competências que a comunidade precisa. Muitos dos formados na Escs retornam para o serviço público por meio de concurso da Secretaria de Saúde, além disso, retornam como docente egresso da Escola. Isso é um grande resultado da educação”, ressalta Afonso.

 

Formação médica

 

Para o médico e professor, a formação superior da Escs garante o ciclo virtuoso de produção de conhecimento. “É por meio da assistência que ensinamos aos futuros profissionais a valorizar o outro, é pela docência que você possibilita mais pessoas a trabalhar naquilo que você acredita e que valoriza, transmitimos um valor importante através do ensino. Não sei fazer a docência sem a assistência. O resultado que a Escs oferece por meio desses métodos é uma educação em saúde consolidada”, finaliza.

 

Foto: O docente da Escs, André Afonso e alunos da escola.

 

 

 

Formação em enfermagem

 

A enfermeira Daniela Martins Machado, docente da Escs, desde 2009, aponta que o professor de Instituições de Ensino Superior (IES) em enfermagem deve ter ampla visão assistencial, pedagógica e gerencial em saúde. “O docente antecipa ao estudante seus desafios na vida profissional e o qualifica para enfrentá-los. Na Escs é necessário ao docente conhecer e defender a Política Pública de Saúde do país que é o Sistema Único de Saúde. Dessa forma, os enfermeiros atuam no SUS, reconhecendo a saúde como um direito de todos e um dever do Estado”, explica.

 

Servidora da SES-DF há 20 anos, Daniela destaca a metodologia ativa na educação de futuros enfermeiros, que permite formar profissionais com maior capacidade de autogestão de seu processo de ensino aprendizagem, com capacidade crítica e reflexiva e com a habilidade de intervir na realidade assistencial no sentido de transformá-la e melhorá-la.

 “Isto se dá por meio da integração que se propõe entre a instância de ensino, os serviços assistenciais, onde são desenvolvidas as atividades acadêmicas, e a comunidade usuária destes serviços. Esta metodologia também qualifica o estudante para o processo do “aprender a aprender”, o que lhe assegura estar sempre em busca de renovação e aprimoramento pessoal e profissional”, destaca.

 

 Para a professora, ser uma educadora é algo realizador, uma oportunidade de contribuir com a formação de novos profissionais e compartilhar não só os conhecimentos, mas as experiências e, também, estar em constante aprimoramento.

 

 Foto: A enfermeira Daniela Martins Machado, docente da Escs.

 

 

 

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