Central de Cuidados Afetivos – projeto de Residentes e Preceptores da Saúde Mental do Adulto em Ceilândia
O Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental do Adulto da UBS 12 de Ceilândia promove ações de cuidado e afeto voltadas ao servidor e ao usuário
O projeto Central de Cuidados Afetivos surgiu no início deste mês a partir de reflexões entre as preceptoras do Programa Multiprofissional de Saúde Mental do Adulto Cibele Maria de Sousa, Bianca Barroso, e seus residentes que atuam no Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF – AB) da Unidade Básica de Saúde (UBS) 12 de Ceilândia, Welington Borges, Marília Linhares e Brenda Carla Antunes.
O Projeto desenvolvido pelo NAFS – AB e o Programa de residência da Escola Superior de Ciências da Saúde, mantida pela Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Escs/Fepecs), tem o objetivo de ofertar cuidado voltado ao servidor que está cotidianamente na linha de frente no tratamento da Covid -19. Além disso, visa atender a demanda crescente de usuários que buscam a UBS 12 em função de sofrimento mental que neste momento está agravado pela pandemia do novo coronavírus.
Coordenação – Uma das preceptoras do Programa, a assistente social Cibele Maria de Sousa, afirma que tem sido muito gratificante pensar numa proposta que alia a partilha de saberes entre preceptoria e residentes. Além disso, construir coletivamente alternativas capazes de ofertar cuidado aos servidores e usuários dos cenários de assistência da Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
“Qualificar a produção do cuidado é uma atribuição dos profissionais do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). Desse modo, nós estamos contribuindo para implementar uma atribuição que é nossa. É sentir que estamos no início de uma estrada, cheia de desafios, onde há muito caminho a percorrer. Saber que iremos juntos/as, preceptoria e residentes, fortalece e impulsiona o percurso”, declarou Cibele.
Central de Cuidados Afetivos – O projeto é feito com a confecção de cartazes sobre a importância da empatia, do afeto, do autocuidado com frases de construção coletiva. Os residentes também coletam mensagens dos servidores para enviar aos colegas que estão afastados, seja pela Covid 19, pelo sofrimento mental ou qualquer outra doença que os impeça de trabalhar na pandemia. Há confecção de bilhetinhos nominais aos servidores que permanecem trabalhando enfatizando a importância de cada um e agradecendo a sua dedicação. O planejamento das ações é feito semanalmente com um tema ou ação específica no intuito de acolher e a coordenação das ações é realizada pelas duas preceptoras.
Residentes – O residente Welington Borges, 25 anos, nutricionista, afirma que a solidariedade é algo que transforma a pessoa que é cuidada e também a pessoa que cuida. “É gratificante ouvir dos servidores “abraçados” pelo projeto sobre o quanto aquilo melhorou e tornou sua jornada laboral mais leve e estimulada”, disse Borges.
Segundo Brenda Carla Antunes, 26 anos, assistente social, o intuito do projeto é acolher de forma afetiva os servidores e usuários da UBS 12, ressaltando a importância de cada um nesse momento. “Os sentimentos são diversos, oferecer apoio e cuidado através do projeto está sendo muito importante mediante a realidade que vivemos. Está sendo uma experiência muito positiva, uma vez, que devemos sempre lembrar da importância da saúde mental tanto dos usuários como dos servidores da UBS”, destacou Brenda.
A residente Marília Linhares, 21 anos, assistente social, espera o fortalecimento da atenção primária e do Sistema Único de Saúde (SUS), diante do contexto vivido. “Esperamos que no fim da residência, continuemos a construir o SUS como o foi preconizado pela Reforma Sanitária, ou seja, um sistema universal em seu acesso, com ampla participação popular em sua gestão e contra a privatização do direito à saúde”, enfatizou Marília.
Para os residentes, o projeto possibilita o entendimento de que a pessoa possui sofrimentos e características próprias e individuais e que o indivíduo deve ser priorizado sobre seu sofrimento. De acordo com os residentes, a especialização por meio do Programa contribui no aprendizado e na experiência sobre os métodos de abordagem e manejo do cuidado em saúde em situações diversas de sofrimento psíquico e instabilidade emocional. “Isso nos enriquece como profissionais que caminham em direção a ser especialistas em saúde mental”, destaca Borges.
Texto: Renata Madeira – Ascom Fepecs
Arte: Demétrius Carvalho – Gerav-UAG/Fepecs