Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa

Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa

A Professora e pesquisadora do Mestrado Profissional em Ciências para a Saúde da Escs/Fepecs Liz Oliveira fala sobre o tema

Hoje,  15 de junho, é o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, a data escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU) tem o objetivo de disseminar mundialmente a ideia de que a violência contra a pessoa idosa é e deve ser entendida como uma grave violação aos Direitos Humanos e que a sociedade não pode aceitar a violência como algo normal. A Professora e pesquisadora do Mestrado Profissional em Ciências para a Saúde da Escola Superior de Ciências da Saúde, mantida pela Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Escs/Fepecs) Liz Oliveira afirma que seguindo este movimento mundial deve-se incentivar a apresentação, o debate e o fortalecimento das mais diversas formas da prevenção.

Liz Oliveira atua como pesquisadora na área de violência contra a pessoa idosa, tanto a violência intrafamiliar quanto nos aspectos da violência urbana. Ela afirma que o primeiro desafio é o relacionamento intrafamiliar que tem que ser revisto.

“Em pesquisa coordenada por mim, cujo objetivo foi descrever o perfil dos idosos vítimas de violência doméstica no Distrito Federal verificamos que dois terços dos agressores são filhos. Eles agridem mais que filhas, noras ou genros, e cônjuges, nesta ordem. Os idosos quase não denunciam por medo e para protegerem os familiares. Se entendermos que a violência é uma forma de comunicação, se me comunico gritando, batendo, explorando, desprezando, abusando, eu não dou um bom exemplo. Famílias violentas colhem violência”, declara Liz. 

Pesquisas – O segundo desafio diz respeito à saúde como apresentado em pesquisa realizada pelo Mestrado Profissional da Fepecs, intitulada Situação de Saúde Vida e Morte da População Idosa do Distrito Federal, que apontou que há várias demandas no tratamento de pessoas mais velhas como prevenção, tratamento e reabilitação. A pesquisa levantou dados de idosos em Regionais da Ceilândia e Planaltina. Os resultados retrataram que um dos maiores problemas de saúde dos idosos são as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Nas doenças transmissíveis, ganha destaque a influenza  dos tipos A e B, os mais comuns no Brasil, incluem a H1N1 e H3N2.

Educação – A educação sobre o tema deve começar desde cedo com estudantes, tanto do ensino médio, graduação ou pós. Para tanto, segundo a professora, ao se abordar a temática com estudantes, dá-se suporte para o manejo de um problema de saúde pública, além de chamar atenção da sociedade.  

“Em pesquisa e intervenção realizada por nosso grupo de pesquisa em gerontologia no ano de 2018/2019, denominada “Efeitos de uma intervenção ambiental educativa envolvendo idosos e adolescentes do Distrito Federal: meio ambiente, sustentabilidade e Políticas Públicas Socioambientais” foi desenvolvida Administração Regional do Gama em uma escola pública que teve como resultado a convivência intergeracional com 63 adolescentes e 20 idosos. A experiência foi fantástica, estimulando a convivência de idosos com jovens e trabalhando o ecossistema. O resultado está disponível gratuitamente no site da editora CRV”, cita.

Outra pesquisa citada sobre o tema foi a pesquisa sobre  Mulheres idosas vítimas de queimaduras internadas em centro de referência no Distrito Federal, Brasil, no período de 2010 a 2015. “Essa pesquisa foi conduzida pela nossa aluna médica Marcia Schelb, orientada por mim  e publicada na revista de queimaduras. Esse foi um dos últimos trabalhos sobre violência contra idoso do nosso mestrado Escs/Fepecs. O nosso objetivo é a formação do profissional de saúde que deve ajudar a garantir o envelhecimento da população de forma saudável e tranquila, com dignidade, sem temor, opressão ou tristeza, precisamos trabalhar intensamente na prevenção da violência e na identificação e no encaminhamento correto de casos de violência em especial”, declarou.

Pandemia – A pesquisadora diz que o atual contexto da pandemia do novo coronavírus leva a uma experiência inusitada de todos neste planeta, a quarentena com distanciamento social.

“O distanciamento social pode causar algumas consequências negativas na saúde mental porque as pessoas podem se sentir sozinhas ou mais ansiosas do que o normal. Para quem já sofre de um transtorno mental, como depressão, o confinamento pode facilitar o agravamento do quadro. A pandemia do novo coronavírus não trouxe apenas o alerta para a atenção sanitária, mas também apresentou um triste panorama de violências cometidas dentro dos domicílios, como de negligência, em cuidados de higiene com os idosos; de alimentação, acompanhamento, violência física, bem como psicológica.  Outro tipo de violência que ocorre muito, neste momento, é a patrimonial, quando filhos, netos, sobrinhos, se apropriam dos cartões desses idosos e, ao invés de suprirem a necessidade deles, acabam se aproveitando dos recursos em benefício próprio”, destaca a pesquisadora.

Profissionais de Saúde – Neste contexto, profissionais de saúde são imprescindíveis para contribuir na conscientização, na busca para sensibilizar a população em relação à violência. Para isso os profissionais podem desenvolver campanhas informativas sobre a forma de identificar possíveis casos de violência e também como abordar o assunto. Os canais para as campanhas são variados, desde site, blog, redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram).

“Temos que preparar as novas gerações com informações, materiais e recursos educacionais, de forma a assegurar um envelhecimento digno e saudável.  Cabe destacar que o cuidado à Saúde da Pessoa Idosa apresenta características peculiares quanto à apresentação, instalação e desfechos dos agravos em saúde, traduzidas pela maior vulnerabilidade a eventos adversos, necessitando de intervenções multidimensionais e multissetoriais com foco no cuidado. A criação de redes de solidariedade humana, por exemplo, com a Pastoral da Pessoa Idosa, fortalece o tecido social, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas na família, buscando a compreensão das dimensões do envelhecimento, gerando uma cultura que cuida do ser humano em sua plenitude”, explica.

*Perfil –  Maria Liz Cunha de Oliveira é Profa. pesquisadora do Mestrado Profissional em Ciências para a Saúde da ESCS/Fepecs. Aposentou em 2015. Continua  dando aulas e  desenvolvendo pesquisas. Uma das suas linhas de pesquisa é violência contra a pessoa idosa, tanto a violência intrafamiliar quanto nos aspectos da violência urbana. Atua também no mestrado e doutorado da Universidade Católica de Brasília.

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